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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

MANOEL RODRÍGUEZ DE MELO

 

Poeta e jornalista,

nasceu em Maceió, na praça da Catedral, n. 74, em 1876, e faleceu8 na Rua João Pessoa (antiga rua do Sol), em 6 de julho de 1946.

Pertencia à Academia Alagoana de Letras, de que foi um dos fundadores.  

 

 

AVELAR, Romeu de.  Coletânea de poetas alagoanos.  Rio de Janeiro: Edições Minerva, 1959.  286 p.  ilus.  15,5x23 cm.  Exemplar encadernadoAVELAR, Romeu de.  Coletânea de poetas alagoanos.  Rio de Janeiro: Edições Minerva, 1959.  286 p.  ilus.  15,5x23 cm.  Exemplar encadernado bibl. Antonio Miranda

 

 

       MARIA

Soberana dos paramos sagrados,
Mãe de Jesus tão cheia de esplendores,
És a estância feliz dos desgraçados
E o consolo final dos sofredores.

O teu amor sem mancha e sem pecados,
Foi o maior de todos os amores;
E vives como os pássaros amados
Na graça dos perfumes e das flores.

Nossa Senhora, oh! mãe piedosa e pura,
Teu coração castíssimo e bendito
É fonte de bondade e de ternura.

Liberta-me da dor e da mentira,
Quero morrer beijando-te contrito
O manto de veludo e de safira.

 

 

       MEU TESTAMENTO

Quando eu morrer, quero um caixão singelo,
Sem franjas, sem bordados, sem festões,
E quero ser levado à tumba, pelo
Braço amigo de boêmios folgazões.

Não quero dobres, falas... Esse apelo,
Estas sinceras considerações,
Faço aos que penso que me têm desvelo:
Filhos, mulher... e os mais, sem distinções.

Também não quero prantos, alaridos,
Círios ardendo em castiçais brunidos,
Nem quero alças doiradas no caixão...

Morrer como vivi, são meus cuidados,
Pois se na vida andei sem ter doirados,
Eu dispenso na morte ostentação.

 

 

      

       A VOZ DO BARDO

 

       Depois de tantos beijos e de abraços
Que me deste, matando-me de desejos,
Quando eu andava como um trovador
— Chapéu de feltro e botoeira em flor,
Cantando cançonetas ao luar...

Vejo por tudo a sombra dos teus braços;
Em tudo escuto a música dos beijos...
Cuido ser o teu lábio acetinado
Que anda vibrando ainda esses arpejos
Pelo ar.

Ah! como é triste este viver de agora,
Do teu seio querido abandonado
Olhando a terra;  olhando o mar; os céus,
Sem ver a santa luz dos olhos teus.

 

 

       Pesa em meu ser, acabrunhado e triste,
Uma tristeza que me dilacera
A alma a penar.
Foi-se contigo a luz da primavera...
Depois daquele dia em que partiste,
Já não sou mais aquele trovador
— Chapéu de feltro e botoeira em flor,
Cantando cançonetas ao luar...

Sonho contigo, à vezes, recostada
Ao meu peito, cantando uma canção
Que me traz um conforto à alma cansada
E um lenitivo para o coração
Neste fadário.

Desperto e, em vão procuro-te, querida,
Numa loucura de visionário,
Para beijar-te como te beijava,
E contra o coração — taça partida —
O teu corpo apertar como apertava.

A consciência me diz que está bem longe,
E o coração me fala que estás perto.
E eu vivo solitário qual um monge,
Como uma cruz pregada no deserto,
Lembrando preces e melancolias.

 

       Vem-me arrancar a dor desta saudade!
Ah! não, não me abandones por piedade...
Vem me aquecer como me aquecias
Quando eu andava como um trovador
— Chapéu de feltro e botoeira em flor,
Cantando cançonetas ao luar...                                                                              


*

 

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Página publicada em junho de 2021


 

 

 
 
 
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